Recanto Literário

Qual o proveito das flores postas somente sobre o caixão? Têm mais valor as que são dadas em vida.

Textos

Você gosta de coentro? E de chicória?

 

“Cozidos, gosto de faséolo com eríngio”, escrevi.  “Eu não estou nesse nível de erudição, meu amigo!”, respondeu-me a interlocutora. Brincadeira de amigos. Um agradável diálogo pelo WhatsApp, um dia desses (aliás, para ser exato, foi no dia 11 de setembro de 2023), entre mim e a advogada Carla Lobo, minha ex-colega do Departamento Jurídico da Câmara Municipal de Marabá. Amo, quem me acompanha sabe, a boa conversa com parentes ou amigos. Presencial, por telefone, pelo WhatsApp ou por qualquer outra rede social, não obstante, obviamente, a melhor de todas seja a conversação presencial.

 

Julgo oportuno dizer (para quem ainda não sabe, claro, pois não ignoro que quase todo mundo já sabe) que WhatsApp vem da expressão inglesa What’s up?, contração de What is up?, uma gíria cuja tradução para o português são os nossos E aí?, Beleza?, Tudo em cima?, Tudo em ordem?, e assim por diante. A tradução literal (quase sempre desaconselhável em qualquer caso, como seria neste) seria: O que está em cima? Sem sentido, pois, no contexto de uma saudação. Aí está. Conquanto se saiba ser ligeiramente diferente a pronúncia de WhatsApp da pronúncia de What’s up?, a gíria foi um passo para a brincadeira na designação do aplicativo.

 

Sim, eu gosto de coentro e de chicória, mas que tem que ver no caso a história de faséolo com eríngio? Explico. A colega publicara em um grupo nosso de WhatsApp o link do artigo “O estado do Pará, eu e a síndrome do coentro”, de autoria do geógrafo Ubiraney Silva, texto que discorre, dentre outros assuntos, especialmente sobre o uso de coentro nos pratos da culinária paraense. Com efeito, paraense que não foge a suas origens, Dr.ª Carla Lobo, ao compartilhar o link, escrevera: “Boa noite, achei legal esse artigo sobre o Pará e decidi compartilhar com os colegas!” Claro, fui logo ler. E também gostei muito. Daí o espirituoso diálogo que entabulamos.

 

Trata-se de um grupo especial de ex-colegas que criei. Não estranhe, pois, algum leitor eu empregar ex-colega em relação à amiga e colega de profissão. Sim, ex-colega. Por quê? Porque me aposentei, no início deste ano, do serviço público municipal, mas é uma amiga muito especial, assim como do Departamento Jurídico da Câmara Municipal de Marabá, também são meus grandes amigos e têm um lugar especial no meu coração os ex-colegas (em ordem alfabética) Antonio Júnior, Brenda Assis, Clarissa de Cerqueira e Rômulo Lima. Eles todos sabem da estima que tenha por eles. A boa amizade é para sempre.

 

Volto, para finalizar, a eríngio e faséolo. Trata-se da designação científica, respectivamente, do coentro-do-pará (também chamado de chicória, coentro-caboclo e outros nomes) e do feijão. O feijão comum é Phaseolus vulgaris. Há, contudo, várias espécies:  Phaseolus é o gênero. Penso, no caso, que o autor do belo artigo se equivocou: pensava no coentro comum, mas citou foi a chicória. Não queria, certamente, dizer eríngio (Eryngium foetidum), mas coriandro (Coriandrum sativum). Apenas suponho, não afirmo, pois não tenho a autoridade para isso. Autoridade no assunto é mesmo o meu caríssimo amigo Professor Doutor Gutemberg Armando Diniz Guerra, engenheiro agrônomo, doutor, pós-doutor e cronista.

Valdinar Monteiro de Souza
Enviado por Valdinar Monteiro de Souza em 13/10/2023
Alterado em 13/10/2023


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