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Qual o proveito das flores postas somente sobre o caixão? Têm mais valor as que são dadas em vida.

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Um passeio vespertino na Marabá Pioneira

Hoje, 7 de outubro de 2017, à tarde, fui a Marabá. Aliás, Marabá Pioneira, Velha Marabá, ou coisa que o valha, como vou aprendendo a dizer, embora antes dissesse apenas Marabá, sem necessidade de adjetivação. Depois de muitos dias (meses, talvez), fui ver a orla. Aliás, fui ver o Rio Tocantins, a partir da Orla Sebastião Miranda. Amo fazer isso.

 

Sempre tive paixão por Marabá (rectius: pela Marabá Pioneira) e, durante anos, quase ritualisticamente ia lá duas vezes por dia, todos os dias da semana, exceto aos domingos. Inexplicavelmente, de uns anos para cá, perdi esse hábito: já não vou lá diariamente e, às vezes, passo até semanas sem ir, mas, quando vou, gosto muito.

 

Aconteceu isso hoje. Peguei o carro e fui lá. Estacionei na Avenida Getúlio Vargas, entre a Rua 5 de Abril e a Avenida Antônio Maia, e fui andar a pé, como sempre gostei de fazer. Como de costume, ver as praças, a orla e o rio.

 

Fui à casa do irmão Lúcio Virgínio Ribeiro, mas, portas e janelas fechadas, pareceu não haver ninguém. Rumei para a Praça Duque de Caxias, onde encontrei o Dr. Sebastião de Jesus Souza Castro, advogado como eu e colega de Câmara Municipal. Conversamos um pouco, depois fui ao Banco do Brasil, de onde, da calçada, fiquei por algum tempo olhando a praça e seus transeuntes, bem como os prédios da Maçonaria (o da Loja Simbólica e o dos Graus Filosóficos), por sinal, minhas casas, pois, com alegria e muita honra, sou maçom.

 

A tarde morria e resolvi ir logo à orla, para ver o rio. Fui e vi: o rio está bem seco, como costuma acontecer neste período. Não deixa de, a despeito do costume, nos dar, lá no íntimo, até certo temor diante de tão pouca água e muita areia. É comum neste tempo, mas sempre assusta um pouco.

 

Andei, da Maçonaria à Praça São Félix de Valois, parando aqui e acolá, como sempre faço, para ficar contemplando o rio, os transeuntes e tudo mais. Fazer isso, como já disse tantas vezes e escrevi outras, me dá alegria e muita paz. De lá, voltei pela Rua 5 de Abril – como também sempre faço –, não sem antes admirar por alguns minutos a Biblioteca “Orlando Lima Lobo”, a Igreja de São Félix de Valois e o casario circunvizinho.

 

As casas da Rua 5 de Abril – principalmente no trecho entre as Praça Duque de Caxias e São Félix de Valois – têm características bem singulares, as quais me remetem mentalmente à nobreza antiga marabaense. Aí estão, por exemplo, o prédio do antigo Mercado Municipal (hoje, Biblioteca “Orlando Lima Lobo”) e algumas casas antigas, de famílias tradicionais da cidade.

 

Novamente na Praça Duque de Caxias, tirei fotos de uma das mangueiras que existem bem de frente ao prédio do Armazém Paraíba. É uma mangueira nova, muito linda, que, por sinal, está florida. Aliás, ontem, no trabalho, falamos sobre ela, quando o Jorge Antônio Brasil, marabaense morador da Praça Duque de Caxias e meu colega de Câmara Municipal, disse tratar-se de um pé de manga-rosa, plantado por ele e outros colegas seus cujo nome não declinou.

 

Cada um pensa o que quer e vê o mundo como quer. Para muitos – eu sei –, isso tudo é uma besteira, tolice ou coisa parecida; para mim, todavia, foi, como sempre é, um passeio e tanto. Entrei no carro e – feliz da vida ou, pelo menos, momentaneamente bem desestressado – vim para casa.

 

Cada um com seus gostos e suas manias, desde que não prejudique a terceiros. Pouco se me dá o que de ruim ou depreciativo terceiros pensam. Nem todos têm a felicidade de ver e contemplar a beleza das coisas e situações aparentemente simples da vida.

 

Valdinar Monteiro de Souza
Enviado por Valdinar Monteiro de Souza em 08/10/2017
Alterado em 12/01/2022


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