Respeito, decência e elegância
Respeito, decência e elegância são qualidades que se não veem com muita frequência ultimamente no Facebook e nas demais redes sociais. Procuro, todavia, fazer a minha parte e nem sempre seguir a maioria. A multidão, como turba ensandecida, nem sempre está certa e, por isso mesmo, não raro é má conselheira. Há exemplos históricos contundentes que falam por si sós; basta, pois, revisitá-los.
Não vou chamar aqui de bandidos e criminosos os ainda Deputado Federal Eduardo Cunha e Senador Renan Calheiros por dois motivos: primeiro, sou um advogado que prima pela decência e defende no mais alto sentido da palavra o princípio constitucional da presunção da inocência até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; e, segundo, eles são réus, mas ainda não têm nem sequer sentença penal condenatória, quanto mais transitada em julgado.
O que vale para Chico também vale para Francisco, pois o hipocorístico não apequena nem faz por desmerecer a ninguém. Daí já dizer o ditado: "O pau que dá em Chico dá em Francisco." Renan e Cunha, para este advogado, mesmo sendo réus, serão inocentes até a sentença penal condenatória transitada em julgado. Agora, que é extremamente difícil que, ao fim e ao cabo, permaneçam sendo, isso é!
É difícil para qualquer pessoa decente aceitar que uma pessoa acusada de tantos crimes de corrupção e outras espécies, réu em tantos processos, como Eduardo, presida, exercendo assim a função de magistrado, um processo de admissibilidade de denúncia contra a Presidente da República. Ele, mesmo gozando do princípio da presunção da inocência, há muito já deveria ter sido, processual e constitucionalmente, afastado do cargo de Presidente da Câmara dos Deputados.
E não somente ele! Centenas de deputados que votaram pelo sim são acusados da corrupção que dizem combater. Como entender isso? Como, serenamente, aceitar como razoável tanta hipocrisia? Como aceitar que um deputado, ao votar no sim, olhe para o acusado e réu por corrupção Eduardo Cunha e diga que vota no sim, contra a corrupção e para dar esperanças ao porvir? É muita falta de vergonha na cara! É muita desfaçatez!
Eu tenho medo, muito medo, dos donos da verdade, dos arautos da moralidade de plantão, santões e santarrões, porque sei que a verdade não tem donos, porque sei que os tais, no fundo, não existem como se mostram: são fantasmas naquilo que se esforçam por mostrar, pois, na essência, são hipócritas, indecentes e imorais.
Minha autodefinição preferida é: "Sou homem e, por isso, imperfeito." Não é da boca para fora, eu realmente acredito nisso e, por isso, temo e tremo. “O tempo é o senhor da razão”, já diz a sabedoria popular. É esperar para ver. Vamos para frente, mas com respeito, elegância, decência e ordem!
Valdinar Monteiro de Souza
Enviado por Valdinar Monteiro de Souza em 18/04/2016
Alterado em 18/04/2016