Meu pai é o cara!
Se ninguém me admirasse, como há pessoas de ambos os sexos e diferentes faixas etárias que me admiram, ainda assim eu seria admirado. Sim, seria, porque eu me admiro. Não é narcisismo, nem falsa modéstia, nem falta de autocrítica, é admiração e autoestima. Com efeito, há, por certo, quem pense diferente, mas creio que minhas virtudes cobrem meus defeitos. E, sem prejuízo da razão, da autocrítica e da modéstia, azar de quem pensa diferente. É! Sem arrogância, mas com a firmeza necessária: azar deles. Eu sou assim e muitas das coisas que sou não pedi para ser.
Não falo dos atributos físicos, é óbvio, pois gostaria de ser fisicamente diferente do que sou: um pouco mais alto, músculos mais avantajados e farta cabeleira no lugar da carequinha, muito embora se diga ser dos carecas que elas gostam mais. Certamente pegaria bem. Mas, fazer o quê?... Falo das outras características, de atributos morais e intelectuais. Gosto de ser corajoso na medida do possível, de demonstrar gratidão, de não ser covarde, de não ser omisso, de não ser desleal, de dizer a verdade, não obstante saiba que, segundo a “Bíblia”, todo homem é mentiroso. Odeio a omissão, a covardia, a ingratidão e a deslealdade. O mundo seria, com efeito, muito melhor se não existissem os milhões de covardes, omissos e canalhas de outras categorias que existem.
Talvez o leitor esteja a se perguntar por que estou escrevendo isso. Bom, respondo que é por vários motivos, alguns dos quais não declinarei explicitamente. Um deles é querer registrar em crônica, como registro agora, que, quando posso, assisto a algumas telenovelas da Globo. Sim, assisto. E daí? Não vejo nisso nenhum prejuízo para minha intelectualidade. Logicamente, alguém pode até dizer que não sou intelectual, mas eu acredito que sou e isso é o que importa. Outro motivo é dizer que gosto de reler meus textos e admirar coisas que escrevi neles. E outro – o principal deles – é para repudiar, sem citar nomes, a existência de muitos covardes, omissos e canalhas de Marabá.
Como telespectador de telenovela, gosto, por exemplo, da admiração que o personagem João Manoel, da novela “Senhora do Destino”, tem pelo pai, o ex-bicheiro Giovanni Improtta. Percebo aí beleza e sagacidade na ironia do autor da telenovela ao demonstrar a lei natural que diz que quem ama não vê os defeitos, ou, se vê, prontamente os releva. João Manoel esbanja, em gestos e palavras, admiração pelo pai. Guardei, por exemplo, esta tirada: “Faço minhas as palavras do meu pai. Ele é o cara!” Puxa vida, achei o máximo! Talvez porque eu também admirava muito, como ainda admiro meu falecido pai, que não foi bicheiro; foi, por toda a vida, lavrador honesto e pobre.
Quanto aos canalhas que infestam postos importantes em Marabá, deixo este trecho retirado da interpretação que escrevi de uma instrução maçônica recebida: “Não quero, sinceramente, apontar o dedo acusador para ninguém. [...] Até porque a consciência de cada um é sempre, queiramos ou não, o maior juiz, o árbitro cujas decisões calam fundo e falam alto no silêncio eloquente.” É. Eu escrevi isso, porque assim acredito e, por isso, defendo. Fica, todavia, a pergunta: Canalha tem consciência? Eis a questão.
Valdinar Monteiro de Souza
Enviado por Valdinar Monteiro de Souza em 13/12/2013