Recanto Literário

Qual o proveito das flores postas somente sobre o caixão? Têm mais valor as que são dadas em vida.

Textos

A Lei e a Consciência Ecológica
O ser humano, em nome de seu bem-estar, foi e continua sendo o maior predador da natureza. O mundo caminhava a passos largos rumo à destruição total por causa da irresponsabilidade do homem, que, como principal agente transformador, prejudicaa natureza em nome do desenvolvimento. O emprego irresponsável da ciência e da tecnologia, como efeito da ganância manifestaem todos os sentidos e segmentos, sempre caracterizou as ações humanas em todo o mundo.

O Homo sapiens – embora mera insignificância ontológica se comparado com a dimensão da biodiversidade cósmica –, levado por seus instintos predatórios, hedonismo e concupiscência, era, como ainda é, um ser embevecido tendente a ver somente o próprio umbigo. O resultado não poderia ser outro que não a destruição de rios, mananciais e florestas, com a extinção de inúmeras espécies de animais e plantas, cruelmente aniquiladas.

Por tudo isso, vem em boa hora a busca verdadeira e quase desesperada de formação da consciência ecológica, que, não obstante o estágio em que nos encontramos, representa somente o começo. Apenas começamos a mudar de rumo. É muito, contudo, o que precisa ser feito pela preservação do planeta, acima de tudo, até como questão de sobrevivência. Não é balela nem exagero paraneico de ecologistas, é a realidade, que não poder ser ignorada.

A Constituição da República pôs como competência comum da União, Estados, Distrito Federal e Municípios a proteção do meio ambiente e o combate à poluição em qualquer de suas formas, bem como a preservação das florestas, da fauna e da flora. Estabeleceu, demais disso, que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, como bem essencial à sadia qualidade de vida, o qual deve ser defendido e preservado, conjuntamente pelo Poder Público e a coletividade, para as presentes e futuras gerações. Bonito, muito bonito, mas não basta por si só.

Muito boa é também nossa legislação infraconstitucional das três esferas de competência legislativa, federal, estadual e municipal. Mas não é só isso. É preciso cumprir o que está escrito, positivado na Constituição e nas leis. É necessária a efetividade, que demanda a consciência ecológica de todos, para cumprimento por convicção e não apenas por imposição estatal, à custa de cara e penosa vigilância. Ninguém vigia a todo o mundo o tempo todo, claro. Há, por conseguinte, ainda muita água para passar por baixo e por cima da ponte. “As leis não bastam. Os lírios não nascem da lei”, já dizia com elegância Carlos Drummond de Andrade.
Valdinar Monteiro de Souza
Enviado por Valdinar Monteiro de Souza em 23/03/2012
Alterado em 23/03/2012


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