Recanto Literário

Qual o proveito das flores postas somente sobre o caixão? Têm mais valor as que são dadas em vida.

Textos

Apresentação do meu livro de direito médico

 

“As leis não bastam. Os lírios não nascem da lei” (Carlos Drummond de Andrade).

 

 

Direito de Recusa do Paciente à Transfusão de Sangue e a Outros Procedimentos Médicos é mais uma das minhas insignificâncias literárias. É insignificância? Sim, é; eu sei disso. É, contudo, a realização de um projeto pessoal. E, por isso, me basta! É um projeto dos tempos da graduação, nos bancos da Universidade Federal do Pará, quando cursava a disciplina Medicina Legal. Decidira ali, ainda em 2002, que aprofundaria os conhecimentos em Direito Médico, a despeito da paixão também por Direito Administrativo e Direito Constitucional, não necessariamente nessa ordem. Seria pós-graduação lato sensu? Stricto sensu? Especialização? Mestrado? Doutorado?... Pouco importava. Não sabia nem poderia responder e, por isso, deixava ao tempo que o fizesse.

 

Ele, o tempo, o fez. Direito de Recusa do Paciente à Transfusão de Sangue e a Outros Procedimentos Médicos é fruto da minha especialização em Direito Médico, pela Universidade de Araraquara (Uniara). Estou satisfeito, embora pretenda ir bem mais longe, inclusivamente aperfeiçoando e aumentando a obra em edições futuras. Mestrado? Doutorado?... Não sei. Quem o sabe? O tempo dirá.

 

Direito de Recusa do Paciente à Transfusão de Sangue e a Outros Procedimentos Médicos é um livrinho ou – como se queira dizer – um livreco, mas é denso. Bom, pelo menos eu, assim o vejo. Nele falo, embora muito ligeiramente, dos avanços científicos e tecnológicos, da terminalidade humana ou fim da vida (distanásia, eutanásia, ortotanásia e mistanásia), de bioética e paradigmas da relação médico-paciente, de constitucionalismo e direitos humanos, de controle de convencionalidade, da saúde como direito de todos e obrigação do Estado, de testamento vital, com um realce para o último direito do ser humano: o direito de morrer dignamente.

 

A morte compõe o processo vital e não é um momento, é um processo inexorável e gradativo. A vida se esvai, perceptivelmente ou não, dia a dia: a partir de determinado tempo, a cada momento morremos um pouco. A curva natural da existência é uma parábola bem acentuada cujo vértice está acima do eixo das abscissas: salvo acidente de percurso, nascemos, crescemos, nos reproduzimos e morremos. Eis aí a sentença da qual não cabe apelação.

 

Viver com saúde é um direito de todos e proporcionar isso é dever do Estado. A terminalidade, entretanto, é parte indissociável do ciclo vital. Como último estágio da vida, morrer dignamente é um direito de todo ser humano.

 

 

Marabá (Pará, Brasil), 25 de julho (verão para nós) de 2017.

 

 

 

 

Valdinar Monteiro de Souza
Enviado por Valdinar Monteiro de Souza em 30/07/2017
Alterado em 16/11/2021


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